Crônicas das apresentações de ideias para o MIS por alguns ícones —outros nem tanto— da Arquitetura mundial
Vitor Garcez
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No início de 2008 foi divulgado na imprensa que o edifício da histórica boate Help e os restaurantes Sobre as Ondas e Terraço Atlântico seriam desapropriados pelo governo do Estado para que fosse construído um novo edifício para o Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio de Janeiro, que teria o projeto coordenado pela Fundação Roberto Marinho (FRM) —que além deste projeto, coordenará o futuro Museu do Amanhã, incluído no projeto de revitalização da Zona Portuária. Dito e feito: em março deste ano, foi divulgado que o pedido de desapropriação havia sido aceito, deveria acontecer em 60 dias, e o governo já havia depositado R$13 milhões em juízo.
Nos dias 5 e 6 de agosto aconteceria —já com a antiga Help desapropriada— em um auditório na FRM, patrocinadora e responsável pela construção do novo MIS, uma série de apresentações do “concurso de ideias” para o edifício. Recebi com surpresa, no dia 30 de julho, a ligação de um professor da PUC-Rio, me convidando para ir à tal apresentação —como aluno da PUC-Rio— e explicando que a PUC havia recebido um convite da FRM para enviar às apresentações um professor e cinco alunos do curso.
1.
No dia 5 de agosto cheguei à Fundação, com endereço no bairro do Rio Comprido, às 13h50min, portanto dez minutos antes do horário combinado para a chegada. Dei meu documento na portaria, depois de esperar que outras pessoas se identificassem, e disse ser da PUC. Recebi uma etiqueta-crachá com o meu nome, minha identidade de volta e a instrução de subir ao 8º andar do edifício. Subi, dei meu nome de novo na porta do auditório, que foi conferido na lista. Sentei na terceira fileira e falei com um aluno da UFF que sentou ao lado, que não conhecia até esse momento, mas que comentou sobre a estranheza da situação. Até aí eu ainda tinha dúvidas se seriam realmente os arquitetos convidados que apresentariam os projetos e não sabia sequer a lista completa dos escritórios que estavam participando do concurso. À nossa frente havia uma grande mesa em U, onde observei alguns dos nomes dos membros do júri, que eram no total 11, mas poucos já estavam sentados. Havia aproximadamente 40 cadeiras na plateia, mas no máximo metade estava ocupada e avisaram que quem chegasse depois do início da apresentação só poderia entrar no intervalo.
Daniel Libeskind
Alguns minutos depois, já passando das 14h, uma movimentação e parecia que o primeiro arquiteto já estava na porta. Alguns dos membros da mesa foram recebê-lo e outros ficaram sentados. Era Daniel Libeskind, que estava acompanhado da sua mulher Nina Libeskind, que é coordenadora do seu Studio Daniel Libeskind, mas não é arquiteta.
Hugo Barreto, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, começou agradecendo a presença do arquiteto e apresentou todos os membros do júri que, junto com ele, era composto pela secretária estadual de cultura e presidente da mesa, Adriana Rattes —a mesa foi, na verdade, coordenada pelo Hugo Barreto que se saiu, por sinal, muito bem—; pela presidente do MIS, Rosa Maria Araújo; pelo secretário municipal de urbanismo, Sérgio Dias; pelo arquiteto, ex-governador do Paraná e ex-prefeito de Curitiba, Jaime Lerner; pela diretora do Museu da República, Magali Cabral; pela arquiteta da FRM e coordenadora do programa de necessidades do edifício que foi entregue aos concorrentes, Lucia Bastos; pelo curador e crítico de arte, Paulo Herkenhoff; pelo arquiteto do escritório norte-americano Ralph Appelbaum Associates, James Cathcart e pela arquiteta Bel Lobo.
Libeskind não tinha maquete, mas começou sua apresentação com uma perspectiva da sua proposta, que me deixou surpreso. Libeskind falou da relação do edifício com o entorno e que um edifício para um museu na praia de Copacabana tinha que ser um ícone. Segundo ele o edifício deveria dar prioridade às sensações. A palavra spectacular foi falada enquanto mostrava imagens das possibilidades de projeções de imagens nas fachadas do edifício. Imagens que ficariam tão tortas quanto o edifício. Provavelmente, se a praia de Copacabana precisasse de uma tela de projeção ao ar livre, teria uma, e seria melhor que fosse reta. Apesar de sua capacidade de retórica, não conseguiu convencer, pois além de estranho, seu edifício não tinha muito propósito. Era claramente a forma pela forma. Quando vi as plantas isso ficou ainda mais claro, pois elas sequer condiziam com a fachada, além das quebras que essa fachada impunha à planta. Os blocos separados que a primeira imagem sugeria não acontecia na planta, e o edifício foi resolvido como poderia ser em um paralelepípedo: os serviços e circulações no fundo e o que sobrava abrigava os outros usos (café, restaurante, auditórios, salas de exposição temporária e permanente etc.).
Ao fim da apresentação, o secretário da FRM explicou que os membros do júri haviam se encontrado nos dois dias que precederam as apresentações para analisar o material enviado pelos arquitetos e que, após analisarem os trabalhos, listaram uma série de perguntas que deveriam guiá-los na observação das apresentações, visto que a banca era tão diversa, em seguida as leria para que o arquiteto e o júri pudessem julgar que questões não haviam bem ficado claras pela explanação do arquiteto. As questões eram: “Por que esta linguagem em um edifício na Av. Atlântica?”; “Qual a ideia/ conceito mais forte da proposta?”; “Que especificidades a proposta têm em relação ao programa de necessidades?”; “De que forma o projeto lida com a sustentabilidade?” e “Qual seria a metodologia de trabalho do escritório no Rio de Janeiro, principalmente para os arquitetos estrangeiros?”.
Barreto julgou, como esperado, que a pergunta sobre a linguagem proposta para o edifício deveria ser mais aprofundada por Libeskind, que novamente não chegou a convencer com a sua resposta, ao dizer que aquele edifício seria um contraponto à morfologia existente no entorno e deveria ter, portanto, uma “identidade distintiva”. Pior ainda foi quando disse que um edifício na Av. Atlântica deveria ter “sensualidade”. Talvez a arquitetura de Niemeyer seja a única arquitetura brasileira que ele conheça e, ouso dizer, as formas pontiagudas da sua ideia não são "sensuais" como as de Niemeyer.
Libeskind recebeu os agradecimentos de Adriana Rattes e deixou o auditório, depois de aplausos e entreolhares duvidosos. Saímos todos para um café no corredor e soube que os próximos seriam os cariocas Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen, titulares do Bernardes+Jacobsen Arquitetura; em seguida o não tão conhecido Rodrigo Cerviño Lopez, sócio do Tacoa Arquitetos e autor do projeto da galeria de Adriana Varejão em Inhotim (Brumadinho, Minas Gerais); os últimos seriam Elisabeth Diller e Ricardo Scofidio, sócios do Diller Scofidio + Renfro.
Depois de nos acomodarmos novamente no auditório já havia mais gente, várias pessoas atrasadas só puderam entrar no intervalo, e plateia passou a ter aproximadamente 30 pessoas.
Bernardes+Jacobsen
Paulo Jacobsen e Thiago Bernardes entram no auditório. Depois de alguns minutos de preparação, e com todos sentados Thiago começa sua apresentação —sempre ao lado de Paulo, com quem reveza ao falar— pedindo que o seu nervosismo fosse relevado, dada a importância do momento para ele. Thiago é jovem e Paulo chegou a trabalhar com seu pai, Cláudio Bernardes e seu avô, Sergio. Diz ainda que esse projeto tem uma importância especial para eles que, como cariocas, convivem e conviveram com a Avenida Atlântica durante toda a vida, passando diariamente pelo local onde será instalado o MIS.
A apresentação dos dois começa com imagens aéreas do terreno e Thiago fala sobre as montanhas que são visíveis nessa imagem, dizendo que é algo comum na cidade, e mesmo que muitas vezes imperceptível, muito frequentemente uma rua termina aos pés de uma montanha. A paisagem original serve de referência para o projeto: o mar, mas principalmente as pedras. Ele diz que as pedras parecem, no entanto, pesadas, e o edifício precisa de leveza diante da parede de edifícios da avenida à beira-mar. Ao mostrar vários dos metaesquemas de Helio Oiticica, ele diz terem constatado como as diversas linhas diagonais podem dar leveza ao que antes era pesado. A proposta dos arquitetos na primeira fase era, possivelmente, a que menos se destacava, pois não tinha a “identidade própria” que o próprio edital supostamente sugeria. Ele mostra então um diagrama da evolução do projeto: na primeira fase, alguns paralelepípedos regulares eram ligados por escadas e entremeados por espaços livres, o material da fachada também não conferia identidade ao edifício.
A partir das pedras, dos metaesquemas e de necessidades funcionais do edifício, como o auditório, se definiria a forma da proposta e inclusive o material e o método construtivo. Quatro blocos são criados com a divisão do programa de necessidades proposto, a partir do que já havia sido estudado na proposta anterior; duas torres fazem a circulação vertical e estruturam o edifício. As “pedras” tem sua forma definida e, no térreo, convidam à entrada do edifício por uma fenda —que também faz a ligação com a rua paralela à Av. Atlântica—, propondo ainda um leve desnível para baixo em relação ao nível da calçada, para reforçar o convite. Sobre esses dois blocos, um terraço é proposto como um espaço aberto para contemplação da vista. De dentro do edifício, com grandes empenas, as visadas são impostas e, em cada um dos blocos, vê-se um novo recorte da paisagem sempre junto com uma parte do edifício e mediado por ele. Nunca se vê somente a praia, de frente, a não ser no terraço aberto.
A parte técnica foi bem estudada e, depois de falar de pontos como reuso de água e ar condicionado, mostram um detalhamento de parte do edifício, que mostrava a estrutura metálica de um dos blocos, as instalações e como seria executada a fachada: que teria fechamento em steeldeck com revestimento em concreto —que seria desenvolvido especialmente para esta obra junto com um grupo de pesquisa em uma Universidade, conforme falou o consultor da parte técnica do projeto, o engenheiro José Luiz Canal (que foi responsável pela obra da Fundação Iberê Camargo, projeto do português Álvaro Siza em Porto Alegre).
Eles passam um pouco do tempo limite e ao fim da apresentação não restam muitas dúvidas sobre o projeto e, pelo menos a plateia de estudantes de arquitetura, ficou muito bem impressionada pela proposta. Como na apresentação anterior e em todas as seguintes, Hugo Barreto faz suas perguntas e questiona se eles gostariam de aprofundar mais em algo, o que dá mais algum tempo para que Thiago e Paulo clarifiquem algumas questões conceituais e Canal outras técnicas, mas nada já não tenha sido bem explicado antes. Apesar da informalidade da apresentação dos arquitetos frente à experiência do discurso da apresentação do Daniel Libeskind, a apresentação termina e eu fico com alguma esperança.
Rodrigo Cerviño Lopez
A esperança de que o Rio poderia ter um belo edifício projetado por um carioca continuaria depois da apresentação inconsistente do paulista Rodrigo Cerviño Lopez, que me faz pensar ainda na ausência dos paulistas Andrade Morettin Arquitetos, MMBB e SPBR. Sem intervalo para o café, por causa do atraso na apresentação anterior, Rodrigo começa sua apresentação dizendo que a forma do edifício é decorrente dos dois auditórios colocados na extremidade inferior e na cobertura do paralelepípedo rotacionado, que parece fincado no terreno. Rodrigo mostra algumas perspectivas, sem conseguir falar muito sobre elas, provavelmente por causa do nervosismo, mas talvez não soubesse bem o porquê do que tinha feito.
O projeto é todo interiorizado e praticamente nega sua localização e a paisagem à sua frente. O imenso bloco de concreto fechado tem duas possibilidades de enxergar a vista: um vazio que abriga o restaurante, já nos últimos pavimentos do edifício e a cobertura, onde se propõe um auditório ao ar livre, que seria servido por um telão instalado na empena do prédio vizinho, se o vizinho deixasse. Quando começam a aparecer as plantas, ele descreve espaço por espaço e de fato se tem algo que estava aparentemente bem resolvido na proposta, eram as plantas.
As circulações mais valorizadas da proposta são escadas colocadas entre duas paredes de concreto, com iluminação zenital, mas que no entanto, certamente não seriam muito agradáveis de se subir. Eu certamente preferiria os elevadores. O acesso principal, ao invés de frontal, é lateral, onde é colocada uma grande escada externa e por onde se desce ao foyer principal, que fica em um nível inferior ao térreo. Também para essa lateral pode-se abrir o fundo do palco do auditório, que poderia ser visto da calçada, propondo uma relação entre o interior e o exterior do museu, mas que não sei se de fato aconteceria (pelo barulho externo, pelo uso do auditório etc.)
Os espaços internos que, como disse antes, seriam os mais valorizados, são mostrados em perspectivas como grandes vazios, com paredes, pisos e tetos em concreto aparente, sem nenhuma instalação ou iluminação sugerida nesta fase. O arquiteto explica que precisaria de consultores em uma etapa posterior para definir esses pontos. Os espaços são fechados e escuros nas imagens, supostamente, devido às necessidades de um museu que trata de imagem e som, o edifício realmente não tem janelas.
Depois de todas essas questões em aberto no projeto, Rodrigo é questionado pelo júri, entre outras coisas, em relação à qualidade térmica e acústica do concreto para um museu desse tipo —já que o MIS não é Inhotim, que tem exposições de arte —, e responde que poderia haver um tratamento para que o espaço pudesse ter a qualidade de vida, mas que como já havia dito, precisaria de consultoria e estudos para isso em uma fase posterior. Depois das insistências do júri em relação ao uso do concreto, Rodrigo fechou dizendo: “Sou paulista. Sou de uma escola que começou com Artigas, depois Paulo Mendes da Rocha…”
Não precisava falar mais nada. Depois de mais um intervalo para um café, a última e mais aclamada de todas as apresentações desses dois dias.
Diller Scofidio
Elisabeth Diller e Ricardo Scofidio chegaram com uma pose de que sabem quem são. Elisabeth estava quase toda de preto e Ricardo era um pouco mais acessível. O escritório foi o último a fazer parte do concurso, portanto não participou da “primeira etapa” e aceitou o convite da FRM só três semanas antes da apresentação, e foi esse o tempo que eles tiveram.
Elisabeth começa sua apresentação mostrando alguns projetos de seu escritório —algo que nenhum dos escritórios anteriores havia feito— como o, merecidamente aclamado, projeto para o High Line, em Nova York, feito com o Field Operations. Segue, então, falando —com sua dicção e discurso apurados— sobre a legislação que é imposta ao edifício, sugerindo quais poderiam ser as possibilidades de não seguir as regras: começa mostrando um desenho de um bloco horizontalizado e depois uma proposta transgressora de criar uma grande torre retorcida, com altura um pouco inferior ao morro do Cantagalo, logo atrás; depois com os pés mais na realidade, propõe como o edifício, como o tamanho imposto pela legislação, poderia ter partes a avançar sobre a calçada ou sobre o espaço aéreo, através de artifícios mecânicos.
Então me fez lembrar de um concurso que o Koolhaas participou em que não seguiu o que o edital impunha definindo outro terreno para a intervenção, e que acabou ganhando. Mas depois do susto ao pensar que eles não apresentariam nada viável para o MIS, Elisabeth começa a falar do entorno do edifício, das montanhas, do mar, da muralha de edifícios e mostra um diagrama que ilustra a sua proposta: uma fita de calçada que é dobrada para formar um ‘S’. Sua proposta é fazer uma extensão da calçada, que continuaria definindo a circulação do edifício através de escadas e patamares que configurariam a própria fachada do museu. Atrás dessa circulação, uma pele em elemento vazado —um cobogó contemporâneo— que induziria a vista: em cada parte do edifício o elemento vazado seria direcionado de formas. Portanto, nesse caso, não é a arquitetura que intermedia a vista, mas a pele, a superfície do edifício. Os espaços principais são visíveis desta circulação externa, que é aberta como uma varanda. No fundo do edifício, como na maioria das propostas, as partes técnicas e todas as circulações obrigatórias pela legislação e pelo programa: elevadores e escadas enclausuradas.
Em seguida, provam que não estão a passeio ao, diferente de todos os outros concorrentes, fazerem sugestões museográficas para o MIS, principalmente para as exposições permanentes. Ao dar como exemplo uma exposição com fantasias da Carmen Miranda, sugerem como os gadgets dos visitantes poderiam ser usados com informações complementares às exposições. Mostram ainda uma possível exposição de fotografia de Augusto Malta —mostrando que visitaram o site do MIS, mesmo que em português, para ter ideia do seu acervo— e as possibilidades das mais recentes tecnologias de touchscreen e geolocalização. Tudo isso em imagens em movimento muito bem feitas.
A apresentação termina com um vídeo que impressiona a todos: um visitante passeia pelos espaços expositivos, desde a calçada —de onde pode ver um show de bossa no auditório do subsolo— até o restaurante/ piano-bar em um nível superior onde há mais um show de bossa-nova, passando por diversos outros espaços. Muitas figuras humanas, nas imagens do vídeo, passeiam pelos espaços do edifício, mas todas as pessoas são brancas: “zombies”, como a própria Elisabeth ressaltou, acrescentando: “é esquemático, da próxima vez as pessoas parecerão mais felizes”.
Depois dos aplausos e de algumas questões levantadas pelo júri, um dos membros da banca não resistiu e disse: “Eu sei que não é algo dentro do protocolo pra essa apresentação, mas tenho que dizer que esse é o tipo de apresentação que deveríamos assistir de joelhos” —tratava-se do secretário municipal de urbanismo, Sérgio Dias. Eu não ajoelharia.
Esse primeiro dia de apresentações acabou por volta das 18h30min. No dia seguinte começariam às 10h da manhã e seriam mais três escritórios, mas até esse momento não sabia quais, só que Shigeru Ban era um deles. Depois soube que seria o último dos três, depois do Isay Weinfeld seguido do Marcelo Ferraz, do Brasil Arquitetura.
Continua...
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Esse texto contou com a colaboração e a leitura atenta de Ana Luiza Nobre e seu Posto 12, onde também o está divulgando.
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http://www.mis.rj.gov.br/noticia0324b.asp
http://www.inhotim.org.br/arte/galeria/view/10
http://images.google.com/images?client=safari&rls=en-us&q=metaesquemas%20helio%20oiticica&oe=UTF-8&um=1&ie=UTF-8&sa=N&hl=en&tab=wi
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