—
Fábrica
—
Vitor Garcez
Confesso que o andamento das discussões em torno dos “projetos” para a Zona Potuária tem me deixado com um certo enjoo de falar no assunto. As últimas informações dadas pela Ana Luiza Nobre no Posto 12 não são lá muito animadoras e muitas águas ainda vão rolar nessa semana que começa.
—
Neste sábado estive no Santo Cristo, bairro na Zona Portuária, para um evento chamado de “Fabrica”, que aconteceu em uma parte da antiga fábrica de chocolates Bhering.
A fábrica foi ocupada por intervenções de doze jovens (Anna Costa e Silva, Julio Gadelha Parente, Marcela Florido, Gabriel Jaguaribe, Gustavo Liuzzi, Esther Barki, Bhagavan David, Luiza Melo, Maria Carolina Barreto, Thiago Catharino, Isabela Baptista e Felipe Bardy).
O lugar é incrível e foi marcante ver aquele grupo de pessoas —grande, diga-se de passagem— ocupando uma fábrica no meio da Zona Portuária do Rio em um momento em que se discute justamente a “revitalização” desses bairros.
Boa parte das pessoas que estavam lá provavelmente não imaginavam como era aquela “outra cidade”, apesar de muito próxima da “Cidade do Samba” (projeto de Sergio Dias, atual secretário municipal de urbanismo) e do futuro “Aquário Municipal” (projeto do arquiteto Alcides Horácio Azevedo).
Então, não digo que fiquei com esperança de que essa ocupação da fábrica possa ser relevante pro que se discute hoje em torno da Zona Portuária. Não pelo evento em si, que tem caráter isolado, mas talvez pelas pessoas que estiveram lá e que podem olhar a cidade de outra forma, diferente dos que estão à frente dos projetos que pretendem, às pressas, lotear essa parte do Rio, sem pensar nas consequências disso.
Então que venham outras iniciativas como essa...
—
Porto Maravilha (3)
Porto Maravilha (2)
Porto Maravilha em debate
Com o objetivo de ampliar a discussão sobre o projeto do Porto Maravilha, o mandato Eliomar Coelho promoverá reunião nesta quarta-feira no auditório da Câmara Municipal, às 18h, para a qual foram convidados representantes das instituições de pesquisa e planejamento urbano, lideranças locais e órgãos públicos engajados na defesa do Direito à Cidade. Lançado em fins de junho, o projeto prevê a instalação de uma Operação Urbana Consorciada, com grandes empreendimentos imobiliários que seriam viabilizados ao lado de um intenso processo de “limpeza social” e elitização dos usos e funções dos bairros atingidos. Os três projetos de lei de autoria da Prefeitura que chegaram ao Legislativo receberam, em menos de um mês, pareceres favoráveis de quase todas as comissões da Casa. O açodamento com que se tenta aprová-los causa-nos o temor de que está por vir mais um conjunto de intervenções marcadas pela falta de transparência, de razoabilidade e do respeito aos direitos fundamentais – particularmente dos moradores mais antigos da região, tão esquecidos pelo Estado nos últimos anos.
Inventário da ausência
Arte pública: Aluísio Carvão
Enquanto isso... (8)
Paineiras (2)
Francesco Perrotta Bosch*
Na noite do dia 31 de agosto, foram apresentados os trabalhos que concorreram ao Concurso Paineiras e divulgados os vencedores. O resultado escancarou mais uma vez que a arquitetura carioca está em crise. Comparando a uma partida de futebol, os escritórios cariocas perderam de goleada para os paulistas: 4x1. Os três primeiros lugares e mais uma menção honrosa foram destinados a projetos propostos por grupos de arquitetos da cidade de São Paulo. Ao Rio, restou a menção honrosa recebida pela BLAC.
Pessoalmente, diria que os projetos que receberam segundo e terceiro lugares são mais interessantes que o vencedor, o qual me assusta pela proposta de um edifício destinado ao estacionamento e à estação de embarque de pessoas para o Corcovado cuja escala me parece exagerada para o lugar.
O que diferencia os seis trabalhos premiados do restante foram as apresentações gráficas das pranchas. Não afirmo isso por ter visto perspectivas eletrônicas fantásticas, mas sim por uma escolha correta das imagens apresentadas, beleza e clareza nos desenhos e organização na diagramação das pranchas. Eles foram premiados por se fazerem melhor compreendidos, não por terem necessariamente os melhores projetos.
O mais importante é que os arquitetos cariocas reflitam sobre o resultado do concurso.
Paineiras
Cidade da música
Otavio Leonídio publicou no Vitruvius texto sobre a Cidade da Música: Cidade da Música do Rio de Janeiro: a invasora. Sua proximidade com Portzamparc —por ter trabalhado no atelier do arquiteto em Paris— é um dos dados interessantes do texto, além de sua análise a partir de questões mais arquitetônicas e menos políticas —que é só como se tem discutido sobre o projeto na imprensa em geral.
Docomomo
Acontece até amanhã —desde essa terça-feira— a 8ª edição o seminário do DOCOMOMO (Documentação e Conservação de Monumentos Modernos).
Ontem, aconteceu uma palestra de Barry Bergdoll (professor de Historia da Arquitetura do Departamento de Historia da Arte e Arqueologia da Universidade de Columbia, e curador da área de Arquitetura e Design do MoMA de Nova York) e hoje à noite quem fala é Beatriz Colomina (historiadora da Universidade de Princeton).
Vale a pena visitar o blog onde a Marina Piquet está escrevendo sobre o seminário:
<http://www.docomomo09.blogspot.com/>
Enquanto isso... (6)
Mais um projeto feito por "técnicos da Prefeitura".
"O projeto de um grande parque urbano com dois milhões de metros quadrados —o equivalente a 13 vezes a área do Campo de Santana— está sendo elaborado por técnicos da Secretaria de Urbanismo para ocupar o espaço de uma das principais avenidas da cidade: a centenária Rio Branco."
n'O Globo: <http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/09/01/prefeitura-licitara-parque-ao-longo-da-avenida-rio-branco-onde-nao-havera-mais-carros-767423351.asp>
—