Inventário da ausência (7)

vídeo por Hugo Braule


Fábrica

Rua Orestes 28, Santo Cristo, Zona Portuária, Rio de Janeiro


Vitor Garcez

Confesso que o andamento das discussões em torno dos “projetos” para a Zona Potuária tem me deixado com um certo enjoo de falar no assunto. As últimas informações dadas pela Ana Luiza Nobre no Posto 12 não são lá muito animadoras e muitas águas ainda vão rolar nessa semana que começa.

Neste sábado estive no Santo Cristo, bairro na Zona Portuária, para um evento chamado de “Fabrica”, que aconteceu em uma parte da antiga fábrica de chocolates Bhering.

A fábrica foi ocupada por intervenções de doze jovens (Anna Costa e Silva, Julio Gadelha Parente, Marcela Florido, Gabriel Jaguaribe, Gustavo Liuzzi, Esther Barki, Bhagavan David, Luiza Melo, Maria Carolina Barreto, Thiago Catharino, Isabela Baptista e Felipe Bardy).

O lugar é incrível e foi marcante ver aquele grupo de pessoas —grande, diga-se de passagem— ocupando uma fábrica no meio da Zona Portuária do Rio em um momento em que se discute justamente a “revitalização” desses bairros.

Boa parte das pessoas que estavam lá provavelmente não imaginavam como era aquela “outra cidade”, apesar de muito próxima da “Cidade do Samba” (projeto de Sergio Dias, atual secretário municipal de urbanismo) e do futuro “Aquário Municipal” (projeto do arquiteto Alcides Horácio Azevedo).

Então, não digo que fiquei com esperança de que essa ocupação da fábrica possa ser relevante pro que se discute hoje em torno da Zona Portuária. Não pelo evento em si, que tem caráter isolado, mas talvez pelas pessoas que estiveram lá e que podem olhar a cidade de outra forma, diferente dos que estão à frente dos projetos que pretendem, às pressas, lotear essa parte do Rio, sem pensar nas consequências disso.

Então que venham outras iniciativas como essa...

Porto Maravilha (3)

Ana Luiza Nobre acaba de responder no Posto12 à minha pergunta:

"Recebi da vereadora Aspásia Camargo o calendário das próximas audiências públicas na Câmara de Vereadores: nesta sexta, às 9:30, será discutido o Projeto de Revitalização da Zona Portuária. Já o Plano Diretor será discutido em sessões temáticas assim organizadas: 14/09, 18:30, Transporte; 15/09, 9:30, Macrozoneamento e Desenvolvimento Econômico; 21/09, 9:30, Meio Ambiente; 22/09, 9:30, Saúde; 24/09, 9:30, Educação e Assistência Social; 29/09, 9:30, Turismo e Cultura; 01/10, 9:30, Habitação; 06/10, 9:30, Urbanismo. As reuniões são abertas a todos. Eu vou."

Porto Maravilha (2)

Parece que ontem aconteceu um debate na Câmara Municipal sobre o 'Porto Maravilha'. Soube tarde demais, mas estou atrás de alguém que saiba se concluiu-se algo...


Rio de Janeiro, 8 de setembro de 2009.

Porto Maravilha em debate

Com o objetivo de ampliar a discussão sobre o projeto do Porto Maravilha, o mandato Eliomar Coelho promoverá reunião nesta quarta-feira no auditório da Câmara Municipal, às 18h, para a qual foram convidados representantes das instituições de pesquisa e planejamento urbano, lideranças locais e órgãos públicos engajados na defesa do Direito à Cidade. Lançado em fins de junho, o projeto prevê a instalação de uma Operação Urbana Consorciada, com grandes empreendimentos imobiliários que seriam viabilizados ao lado de um intenso processo de “limpeza social” e elitização dos usos e funções dos bairros atingidos. Os três projetos de lei de autoria da Prefeitura que chegaram ao Legislativo receberam, em menos de um mês, pareceres favoráveis de quase todas as comissões da Casa. O açodamento com que se tenta aprová-los causa-nos o temor de que está por vir mais um conjunto de intervenções marcadas pela falta de transparência, de razoabilidade e do respeito aos direitos fundamentais – particularmente dos moradores mais antigos da região, tão esquecidos pelo Estado nos últimos anos.

Inventário da ausência (6)

Continuem assinando:

Inventário da ausência (5)



Fotos: Ni da Costa

Inventário da ausência (4)





Fotos: Ni da Costa

Inventário da ausência (3)




Fotos: Clarisse Tarran

Inventário da ausência (2)




Fotos: Clarisse Tarran

Inventário da ausência

Aconteceu hoje a intervenção no painel de Aluísio Carvão na rua Mário Ribeiro (Lagoa-Barra). A iniciativa é de Clarisse Tarran e Mario Fraga. Eu apóio como posso.
Ontem passamos o dia cortando os quadrados pretos e numerando para colocarmos hoje no local e acabou dando tudo certo. Até a polícia, que pediu que parássemos de colar os falsos azulejos pretos, acabou apoiando depois e pudemos terminar. Nem a chuva persistiu. Ótimo também foi o apoio de muitos dos que passavam pela Lagoa-Barra, apesar de nem todos terem entendido. As pessoas presentes não eram muitas, mas foi bonito ver a mobilização de todos.



Fotos: Clarisse Tarran

Arte pública: Aluísio Carvão

Também n'O Globo, saiu uma reportagem de Suzana Velasco falando sobre o painel do Aluísio Carvão, que foi omitido na reportagem anterior publicada na capa do Segundo Caderno do mesmo jornal. Neste domingo, às 12h será feita uma intervenção no painel, em que serão colados "azulejos falsos" numerados um a um, para que se possa ter ideia do número de azulejos e do possível sumiço de mais deles. O acontecimento será acompanhado também por este blog. A intervenção e o abaixo-assinado são iniciativas do Mario Fraga e a Clarisse Tarran e conta com o meu apoio.

O abaixo-assinado continua esperando por mais assinaturas. Hoje, contou com o nome do herdeiro de Aluísio, Aluísio Carvão Júnior. Pra quem ainda não assinou, o link está em destaque na coluna da esquerda do blog.

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Enquanto isso... (8)

Engraçado, pra não dizer triste, o palpite de Luiz Garcia em sua coluna n'O Globo de hoje, 4 de setembro. O título do texto não é uma ironia, para os que pensarem ser numa primeira passada de olho. O Globo sempre esquece de convidar pra escrever alguém que saiba o que diz.

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Aliás, passar pelo "lugar onde o bonde fazia a curva" no final de Ipanema ficou mais leve depois da demolição da passarela do amigo do Luiz Garcia.

Paineiras (2)


Francesco Perrotta Bosch*

Na noite do dia 31 de agosto, foram apresentados os trabalhos que concorreram ao
Concurso Paineiras e divulgados os vencedores. O resultado escancarou mais uma vez que a arquitetura carioca está em crise. Comparando a uma partida de futebol, os escritórios cariocas perderam de goleada para os paulistas: 4x1. Os três primeiros lugares e mais uma menção honrosa foram destinados a projetos propostos por grupos de arquitetos da cidade de São Paulo. Ao Rio, restou a menção honrosa recebida pela BLAC.

Pessoalmente, diria que os projetos que receberam segundo e terceiro lugares são mais interessantes que o vencedor, o qual me assusta pela proposta de um edifício destinado ao estacionamento e à estação de embarque de pessoas para o Corcovado cuja escala me parece exagerada para o lugar.

O que diferencia os seis trabalhos premiados do restante foram as apresentações gráficas das pranchas. Não afirmo isso por ter visto perspectivas eletrônicas fantásticas, mas sim por uma escolha correta das imagens apresentadas, beleza e clareza nos desenhos e organização na diagramação das pranchas. Eles foram premiados por se fazerem melhor compreendidos, não por terem necessariamente os melhores projetos.

O mais importante é que os arquitetos cariocas reflitam sobre o resultado do concurso.

*estudante de arquitetura da PUC-Rio e co-editor do site Entre

Paineiras


Ana Luiza Nobre

É o seguinte o resultado do Concurso do Hotel Paineiras, anunciado segunda pelo IAB: 1º Lugar: Guilherme Lemke Motta (SP); 2º Lugar: Cesar Shundi Iwamizu (SP); 3º Lugar: Filipe Gebrim Doria (SP); Menções Honrosas: João Pedro Backheuser (RJ); João Paulo Ferreira Payar (SP) e Marcelo de Souza Leão Santos (PE). Não vi ainda os projetos. Mas não posso deixar de me perguntar porque, entre tantos concorrentes (cerca de 100 equipes), só um escritório carioca foi destacado. Ao lado, uma prancha do seu projeto.

Cidade da música


Otavio Leonídio publicou no Vitruvius texto sobre a Cidade da Música:
Cidade da Música do Rio de Janeiro: a invasora. Sua proximidade com Portzamparc —por ter trabalhado no atelier do arquiteto em Paris— é um dos dados interessantes do texto, além de sua análise a partir de questões mais arquitetônicas e menos políticas —que é só como se tem discutido sobre o projeto na imprensa em geral.

Vale também ler o pequeno texto de Ana Luiza Nobre <www.vitruvius.com.br/minhacidade/mc249/mc249.asp> sobre o projeto, que gerou grande discussão no Vitruvius e o texto de Fernando Serapião <www.revistapiaui.com.br/edicao_27/artigo_835/A_opera_do_Pequeno_Principe.aspx> publicado na Piauí.

E agora é esperar que as obras voltem e torcer pra tudo funcionar como se espera...
A última notícia d'O Globo, sobre a volta à obras:

Docomomo


Acontece até amanhã —desde essa terça-feira— a 8ª edição o seminário do DOCOMOMO (Documentação e Conservação de Monumentos Modernos).

Ontem, aconteceu uma palestra de Barry Bergdoll (professor de Historia da Arquitetura do Departamento de Historia da Arte e Arqueologia da Universidade de Columbia, e curador da área de Arquitetura e Design do MoMA de Nova York) e hoje à noite quem fala é Beatriz Colomina (historiadora da Universidade de Princeton).

Vale a pena visitar o blog onde a Marina Piquet está escrevendo sobre o seminário:
<
http://www.docomomo09.blogspot.com/>

A programação completa está aqui:

Enquanto isso... (7)

"AquaRio" no "Porto Maravilha"

Enquanto isso... (6)

Rio Branco


Mais um projeto feito por "técnicos da Prefeitura".

"O projeto de um grande parque urbano com dois milhões de metros quadrados —o equivalente a 13 vezes a área do Campo de Santana— está sendo elaborado por técnicos da Secretaria de Urbanismo para ocupar o espaço de uma das principais avenidas da cidade: a centenária Rio Branco."

n'O Globo: <
http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/09/01/prefeitura-licitara-parque-ao-longo-da-avenida-rio-branco-onde-nao-havera-mais-carros-767423351.asp>

Arte pública: Interdição

Daniel Toledo

Nesta terça-feira vi o vídeo na Galeria do Lago no Museu da República da interdição que o Daniel Toledo fez no mal-dito cabeção do Getúlio, que veio a calhar —certamente intencionalmente— nas discussões sobre a arte pública. Parece que ele já vem "interditando" estátuas há algum tempo, e não só no Brasil, no blog dele <http://homemespelho.blogspot.com/> tem outros exemplos. Ele ficou mais conhecido desde sua obra "Homem espelho", em que andava pela cidade com uma roupa coberta de espelhos.